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sábado, 13 de julho de 2013

Chuva de julho



O cheiro do chão molhado se mistura com o cheiro verde do mato em fins d´água do mês de julho no sertão. É muito agradável chover no mês de julho, pois ela é mais fria, mais cheirosa. É numa época que a caatinga começa a perder suas folhas, e estas folhas secas exalam um aroma característico, que pra quem já é do sertão é muito natural, mas pra quem vem de fora é muito gostoso.

Lembra-me de uma época gostosa de quando eu era criança, eu sempre achei a chuva algo muito especial. Nós nordestinos gostamos da chuva, é algo emblemático. Por aqui dizemos que o "O tempo está bonito!" quando vemos nuvens carregadas ao horizonte. Coisa que em outras regiões é exatamente o inverso.

Estamos em julho, e está chovendo agora, e tudo faz-me lembrar do tempo em que eu era criança. Lembro de minha avó fechando a porta e as janelas. Tinhas vezes que a chuva era tão forte que a água escorria por baixo da porta, sempre tinha um pano de chão pra conter o excesso d´água.

Quase sempre faltava energia, a luz da lamparina era que iluminava a sala onde ficava meus pais e meus avós conversando, meus irmãos que eram menores, brincavam entre si, criança sempre encontra um jeito de se divertir. Eu quase nunca falava nestas horas, só queria ficar na minha rede bem no canto da sala, todo enrolado, curtindo o frio da chuva e a ouvir a conversa, que a cada tema que se levava sempre findava com uma risada boa do meu avô. Minha avó sempre perguntava se eu estava bem, eu só balançava a cabeça sinalizando que sim.

A casa era velha e sempre tinha umas poucas goteiras, que nem incomodavam, mas que marcaram, por que sempre sentia minha mãe me enrolando com um lençol a mais, só para que eu não sentisse o frio daquela noite de chuva em pleno mês de julho.

Às vezes me assustava com os trovões, a cada flash de luz sabia que logo vinha o estrondo, eu sempre punha as mãos nos ouvidos como se adiantasse, mas o boom que fazia sempre me arrepiava, e ficava rezando que a chuva passasse logo mesmo sabendo que no outro dia eu desejaria ela de volta.

De manhã é que a gente via as marcas da chuva, do tapete sujo bem na entrada da casa, das risadas altas da minha tia que ecoava na casa inteira sempre falando da noite e da chuva que a assustara bastante. Era muito bonito olhar para o quintal, sempre cheio de pimenteiras, ateiras, laranjeiras, tinha até horta. Tudo aquilo muito verdinho e viçoso. Era muito bom de se ver.

Tenho muita saudade de tudo isso, e nessa chuva de julho, cá estou eu com minhas lembranças e minha melancolia.

Marcos Teixeira, 13-07-2013 23:19hs

Um comentário:

  1. Amei este texto meu amor...ele exala muito amor e saudade... são momentos únicos os quais vc teve o privilegio de participar!!!

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